Vitrine 09
Tema: Sopa da Mulher Parida

Algumas décadas atrás, especialmente no interior, o acesso a atendimento médico e hospitais era muito difícil, seja pelas distâncias ou pela falta de infraestrutura. Para cuidar da saúde, as pessoas recorriam aos remédios caseiros, uso de ervas e, até mesmo, às preces das benzedeiras. Nesse contexto, as parteiras eram figuras de grande importância, responsáveis por trazer as crianças ao mundo, acumulando conhecimento e o respeito dentro de sua comunidade.

Além dos cuidados relacionados à mulher durante o parto, a recuperação da mãe também estava entre os afazeres das parteiras. Com essa preocupação, em Brumadinho, surgiu uma receita tradicional de sopa fortificante e nutritiva, preparada com farinha de milho e o caldo de galinha caipira, que ficou conhecida como Sopa da Mulher Parida. O prato era preparado pelas próprias parteiras ou por mulheres da família que conheciam a receita e sabiam de seus benefícios no período de resguardo (puerpério). A resguardada tomava a sopa por três dias, pelo menos, e ficava em repouso no quarto para se recuperar e evitar complicações no pós-parto. Muitas vezes, a sopa era preparada e servida também a vizinhos e parentes, que iam à casa conhecer o recém-nascido, sendo um momento de fortalecimento dos comunitários, afinal, era ocasião para comemorar a chegada da criança. 

Em Casa Branca, a senhora Patrocínia de Souza Lima era a única parteira da região. Por promessa feita à Nossa Senhora, ajudava toda e qualquer mulher que precisasse de seus conhecimentos e auxílio na hora do parto. Rezava para Nossa Senhora do Bom Parto antes de sair e caminhar grandes distâncias até a casa da parturiente a que iria auxiliar. Ensinou para as mulheres de sua família a receita da Sopa da Mulher Parida, que até hoje é preparada e servida para os familiares em diferentes momentos.