


Vitrine 12
Tema: Irmandade Nossa Sra. do Rosário
e Guarda de Moçambique de Marinhos e Sapé


Irmandade e Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário de Marinhos/Sapé
A história da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário tem origem na festa do Rosário em São José do Paraopeba, atual distrito de Brumadinho. O primeiro registro de ata da Irmandade data de setembro de 1916 e nele constam os nomes dos reis perpétuos e membros da guarda de Moçambique.
Nos primeiros anos, a festa era realizada apenas em São José do Paraopeba e, para isso, os membros da guarda e seus familiares precisavam deslocar-se para o lugarejo: iam em carros de boi, carroças, transportando colchões, mantimentos e outros itens para lá permanecer durante a festa, que durava quatro dias - da sexta-feira até a noite de segunda. Posteriormente, as comunidades passaram a celebrar festas em devoção à Nossa Senhora do Rosário em seu próprio território – nas comunidades de Marinhos e Sapé –, mas a festa de São José do Paraopeba permanece no calendário de celebrações dos quilombos.
Na tradição do Reinado e Congados em Minas Gerais, Moçambique é um dos grupos (guardas) que participam das celebrações em devoção à Nossa Senhora do Rosário e a outros santos católicos de devoção dos negros. De acordo com o mito que narra a aparição de Nossa Senhora no mar e que organiza toda a fé e devoção ao Rosário, foram os negros mais velhos que conseguiram retirar a Virgem das águas, com o toque sagrado dos seus tambores.
A Guarda de Moçambique simboliza os negros velhos, que por ter retirado Nossa Senhora das águas e deter o conhecimento dos segredos e mistérios, são os responsáveis por conduzir solenemente os reis e rainhas coroados – que, por sua vez, representam a coroa de Nossa Senhora do Rosário na terra.
O Moçambique dos Quilombos é composto por pessoas das comunidades de Sapé, Marinhos, Ribeirão e Rodrigues e, atualmente, conta com cerca de 100 membros. A indumentária da guarda é de cor branca e azul. Os capitães carregam o bastão, símbolo de sua autoridade, e usam chapéus ou casquetes adornados de fitas e outros ornamentos.
Em geral, a guarda de Moçambique guia os reis em cortejo e seu ritmo é mais lento e sua movimentação mais vagarosa. Os instrumentos tocados são as caixas, os patangomes e as gungas, presas aos tornozelos dos capitães, unindo dança e sonoridade. Segundo a tradição, as gungas seriam uma referência às campainhas que prendiam aos tornozelos dos escravos (ngunga), uma forma de homenagear os antepassados.
Durante muitos anos, o Moçambique de Nossa Senhora do Rosário foi a única guarda existente nas comunidades quilombolas. Os moradores das quatro comunidades têm muito apreço e respeito pela tradição do Moçambique e pela devoção à Senhora do Rosário, considerando seus cantos e danças como a grande manifestação de sua fé.
Fontes:
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PREFEITURA MUNICIPAL DE BRUMADINHO. Dossiê de Registro Imaterial da Guarda de Congo e Moçambique do Sapé. ICMS Cultural – Exercício 2016.
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LUCAS, Glaura. Os sons do Rosário: o congado mineiro dos Arturos e Jatobá. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
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Entrevistas: Valdeci da Silva; Nair de Fátima Santana Silva
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Relato: Adriana Regina Braga Silva
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Fotos: Acervo das Guardas de Moçambique e Congo de Sapé e Marinhos
Galeria de fotos com recolha, tratamento e exposição
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